Apesar de ter nascido e se cria- do em meio a prédios, carros e tudo o que uma vida urbana em São Paulo propicia, Cristiano Ramos Perpétuo é um dos últimos discípulos autênticos da cultura caiçara no Litoral. Há 12 anos ele trocou o agito da Capital pela tranquilidade da paradisíaca Prainha Branca, uma comunidade com 90 famílias situada na região conhecida como Rabo do Dragão, na Serra do Guararu, em Guarujá.
As comodidades de uma casa com energia elétrica e telefone no Bairro Jardim Helena Maria, em Osasco, foram substituídas por uma casa de pau a pique que ele próprio ajudou a fazer, sem nenhuma dessas facilidades. E o trabalho como atendente domiciliar em uma farmácia no Alto de Pinheiros, onde chegou a frequentar as casas de Orestes Quércia e Maurício de Sousa, por exemplo, deu lugar ao artesanato.
Cristiano Ramos passou a transformar sapê, guaricana e outras matérias-primas em coberturas de quiosques. Esse aprendizado é fruto do contato com pessoas mais velhas da comunidade. Foi também por meio delas, cursos e de livros que entrou de cabeça no universo da Mata Atlântica, o que lhe proporciona distinguir cada pedaço de mato e os animais. Ele transformou isso em profissão, virou guia turístico das trilhas da Prainha Branca.
Cristiano Ramos não sabe explicar de onde vem essa alma caiçara. Mas desde criança tem fascinação pelo mar e a natureza. Tanto que o fruto de seu primeiro trabalho registrado, quando tinha 12 anos de idade, foi para uma prancha de surf. "Eu só tinha ido à praia uma vez, aos 8 anos, mas sempre quis ter uma prancha". A partir de então começou a ir sozinho para Guarujá, em excursões, para curtir a praia.
Aos 14 fez sua primeira incursão no mato, acampando com um amigo em Paranapiacaba. "Ficamos quatro dias, mas foi horrível. Só na base da bolacha e salgadinho. Eu via um bicho e achava que era rato, mas hoje sei que era um guaxinim". Essa experiência, a princípio traumática, despertou mais ainda seu fascínio. E aos 20 anos, depois de ser mandado embora do emprego, pegou sua mochila e dois dias depois estava na Prainha Branca para acampar.
Ele foi para o camping no cantão esquerdo da Prainha Branca. Só que teve uma surpresa. O proprietário estava de saída para sua terra natal e lhe fez uma proposta. "Ele meperguntou se eu gostaria de ficar aqui e eu topei". Isso foi em 1998 e desde então Cristiano nunca mais quis sair de lá.
Banhos de rio e mar viram ritual diário
No começo foi difícil. Sem as comodidades da vida urbana, Cristiano Ramos chegou a ficar em depressão por uns momentos. Mas foi se habituando a não ter água quente no chuveiro e a andar pelo menos meia hora para fazer qualquer coisa fora da comunidade. Em compensação, adora as comidas feitas em fogão a lenha e tem um ritual diário: mergulhar no mar pela manhã.
E, na volta, ainda pode dar um belo mergulho no rio que nasce em frente a sua casa. Há sete anos casou-se com uma mineira, Célia, e ganhou um enteado, Mussamali, hoje com 11 anos. Há 2,5 anos conseguiram trazer energia para a casa e hoje, além de iluminação, podem assistir um pouco de televisão. Mas é só, nada de geladeira ou banho quente. Computador então, nem pensar.
Mas se alguém perguntar, ele não troca essa vida por nada. São poucos os que podem dizer que têm uma fonte de água límpida, plantação de abacaxis e bananas e um viveiro de camarões no quintal de casa. "Não posso dizer que isso está no sangue, pois não sou caiçara. Mas levo essa cultura mais a sério do que muitos descendentes. Meu medo é morrer sem passar isso tudo que aprendi para outras pessoas. Essa tradição é rica. É uma pena que poucos se interessem em preservar o artesanato".
Veja as Fotos
As comodidades de uma casa com energia elétrica e telefone no Bairro Jardim Helena Maria, em Osasco, foram substituídas por uma casa de pau a pique que ele próprio ajudou a fazer, sem nenhuma dessas facilidades. E o trabalho como atendente domiciliar em uma farmácia no Alto de Pinheiros, onde chegou a frequentar as casas de Orestes Quércia e Maurício de Sousa, por exemplo, deu lugar ao artesanato.
Cristiano Ramos passou a transformar sapê, guaricana e outras matérias-primas em coberturas de quiosques. Esse aprendizado é fruto do contato com pessoas mais velhas da comunidade. Foi também por meio delas, cursos e de livros que entrou de cabeça no universo da Mata Atlântica, o que lhe proporciona distinguir cada pedaço de mato e os animais. Ele transformou isso em profissão, virou guia turístico das trilhas da Prainha Branca.
Cristiano Ramos não sabe explicar de onde vem essa alma caiçara. Mas desde criança tem fascinação pelo mar e a natureza. Tanto que o fruto de seu primeiro trabalho registrado, quando tinha 12 anos de idade, foi para uma prancha de surf. "Eu só tinha ido à praia uma vez, aos 8 anos, mas sempre quis ter uma prancha". A partir de então começou a ir sozinho para Guarujá, em excursões, para curtir a praia.
Aos 14 fez sua primeira incursão no mato, acampando com um amigo em Paranapiacaba. "Ficamos quatro dias, mas foi horrível. Só na base da bolacha e salgadinho. Eu via um bicho e achava que era rato, mas hoje sei que era um guaxinim". Essa experiência, a princípio traumática, despertou mais ainda seu fascínio. E aos 20 anos, depois de ser mandado embora do emprego, pegou sua mochila e dois dias depois estava na Prainha Branca para acampar.
Ele foi para o camping no cantão esquerdo da Prainha Branca. Só que teve uma surpresa. O proprietário estava de saída para sua terra natal e lhe fez uma proposta. "Ele meperguntou se eu gostaria de ficar aqui e eu topei". Isso foi em 1998 e desde então Cristiano nunca mais quis sair de lá.
Banhos de rio e mar viram ritual diário
No começo foi difícil. Sem as comodidades da vida urbana, Cristiano Ramos chegou a ficar em depressão por uns momentos. Mas foi se habituando a não ter água quente no chuveiro e a andar pelo menos meia hora para fazer qualquer coisa fora da comunidade. Em compensação, adora as comidas feitas em fogão a lenha e tem um ritual diário: mergulhar no mar pela manhã.
E, na volta, ainda pode dar um belo mergulho no rio que nasce em frente a sua casa. Há sete anos casou-se com uma mineira, Célia, e ganhou um enteado, Mussamali, hoje com 11 anos. Há 2,5 anos conseguiram trazer energia para a casa e hoje, além de iluminação, podem assistir um pouco de televisão. Mas é só, nada de geladeira ou banho quente. Computador então, nem pensar.
Mas se alguém perguntar, ele não troca essa vida por nada. São poucos os que podem dizer que têm uma fonte de água límpida, plantação de abacaxis e bananas e um viveiro de camarões no quintal de casa. "Não posso dizer que isso está no sangue, pois não sou caiçara. Mas levo essa cultura mais a sério do que muitos descendentes. Meu medo é morrer sem passar isso tudo que aprendi para outras pessoas. Essa tradição é rica. É uma pena que poucos se interessem em preservar o artesanato".
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